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Renúncia de Draghi ‘derruba’ governo da Itália e indica caminho para eleições antecipadas

O caminho mais provável, agora, é que se convoque eleições antecipadas para outubro

Renúncia de Draghi ‘derruba’ governo da Itália e indica caminho para eleições antecipadas (gennaroleonardi/Twenty20)

O presidente do conselho de ministros da Itália, Mario Draghi, anunciou nesta quinta-feira (21) na Câmara dos Deputados do país a renúncia ao governo de ampla coalizão que vinha liderando. Draghi afirmou que seu governo de unidade nacional caiu após o partido de Matteo Salvini, líder da oposição, decidir retirar seu apoio.

Os mercados financeiros já reagiram à notícia, com a bolsa italiana caindo e o euro enfraquecendo em relação ao dólar. A decisão de Draghi surge após o fracasso da tentativa de formar um governo de transição na Itália.

O atual presidente da Itália, Mattarella, planeja se reunir com os presidentes das duas Casas do Parlamento na tarde de quinta-feira. O gabinete do presidente disse que o chefe de Estado “tomou nota” da renúncia e pediu a Draghi que permanecesse na função interinamente. Esta é uma reunião crucial para discutir a crise política no país e se será ou não convocada uma eleição antecipada. De acordo com fontes políticas, é provável que o Parlamento seja dissolvido e uma eleição antecipada seja convocada para outubro.

Uma pesquisa de opinião mostrou que um bloco conservador, liderado pelo Irmãos de Itália, provavelmente ganhará uma clara maioria nas próximas eleições. O Irmãos de Itália é um partido extremista de direita. Esses resultados são baseados nas intenções de voto registradas até agora.

A coalizão de Draghi desmoronou na quarta-feira (20), após três dos seus principais parceiros recusarem-se a participar de um voto de confiança no governo que ele havia convocado. A decisão dos parceiros veio após semanas de divisões internas na coalizão, que culminaram em uma série de demissões do gabinete. Draghi havia esperado que o voto de confiança renovasse sua aliança, mas a recusa dos parceiros mostra que as divisões estão longe de ser resolvidas.

Desde que o primeiro-ministro Matteo Renzi foi derrotado em um referendo de reforma constitucional no final do ano passado, a Itália enfrenta uma crise política que pode levar à queda do governo e à convocação de novas eleições. A crise política acabou com os meses de estabilidade na Itália, durante os quais o presidente Mario Draghi ajudou a moldar a dura resposta da Europa à invasão russa da Ucrânia e impulsionou a posição do país nos mercados financeiros. Agora, com a incerteza sobre o futuro da Itália crescendo, há temores de que o país possa se tornar um problema para a União Europeia em meio às tensões geopolíticas crescentes.

O economista italiano Lorenzo Codogno afirmou que o anúncio do primeiro-ministro Giuseppe Conte de renunciar ao cargo devido à falta de apoio para suas reformas econômicas é um “grande golpe” para a capacidade do país de implementar políticas e reformas a curto prazo. Codogno disse que as eleições antecipadas na Itália provavelmente causarão atrasos e interrupções, e que não há previsão de um orçamento até o final do ano.

Dois ministros do Forza Italia anunciaram que deixariam o partido em sinal das tensões trazidas à tona pelo fim do governo Draghi. Os dois ministros, Maurizio Martina e Stefano Patuanelli, se juntaram a outros três deputados que deixaram o partido na semana passada. O Partido Democrata também está enfrentando um racha, com vários membros saindo para se unir a um novo partido centrista liderado pelo ex-primeiro-ministro Matteo Renzi.


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