O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, está novamente em uma situação delicada após dois de seus mais importantes líderes se demitirem em protesto contra seu governo na última terça-feira (5). Rishi Sunak, agora ex-ministro das Finanças, e Sajid Javid, agora ex-secretário da Saúde, publicaram suas cartas de renúncia nas redes sociais e utilizaram fortes palavras contra o premiê britânico, afirmando que o mesmo não tem mais sua confiança.
Nesta quarta-feira (6), mais três ministros renunciaram ao cargo – fazendo com que aumentasse para 21 o número de baixas (veja a lista abaixo) entre os integrantes do governo. As saídas acontecem após o ex-secretário Christopher Pincher renunciar ao posto de responsável pela disciplina do partido conservador (mesmo de Johnson) na última quinta-feira (30) depois de ser acusado de abuso sexual.
Um ex-funcionário do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido afirmou ontem (5) que Boris Johnson já sabia das condutas de Pincher antes mesmo de nomeá-lo – o que causou indignação no público e em parlamentarem, que afirmam estarem cansados de defender “um governo cheio de escândalos”.
No entanto, mesmo em meio à pressão vinda de seus próprios correligionários, o primeiro-ministro afirmou hoje que não irá renunciar. “É exatamente o momento em que se espera que um governo continue com seu trabalho, não que renuncie“, afirmou ao Parlamento. Boris Johnson usa o pretexto da guerra na Ucrânia para se blindar, afirmando que a economia passa por um momento difícil e que essa é a pior guerra na Europa dos últimos 80 anos.
“Claramente, se houvesse circunstâncias em que eu sentisse que era impossível para o governo cumprir o mandato que nos foi dado, ou se eu sentisse, por exemplo, que estávamos sendo frustrados em nosso desejo de apoiar o Povo ucraniano… então eu faria“, respondeu ao ser questionado se achava que havia alguma circunstância em que ele deveria renunciar.
“Mas, francamente, o trabalho de um primeiro-ministro em circunstâncias difíceis quando você recebe um mandato colossal é continuar“, disse Johnson. “E é isso que eu vou fazer“, completou.
Uma pesquisa realizada pelo Ipsos UK mostrou que apenas 21% dos entrevistados consideram que o primeiro-ministro está apto para governar o país. Outra pesquisa, realizada pelo YouGov após as renúncias de terça, apontou que 69% acreditam que Boris Johson deveria deixar o cargo.
Confira a lista de renúncias
- Sajid Javid – secretário de Saúde
- Rishi Sunak – ministro das Finanças
- Will Quince – ministro das crianças e famílias
- Robin Walker – ministro de estado para os padrões escolares
- Bim Afolami – vice-presidente do Partido Conservador
- John Gleen – secretário de economia
- Alex Chalk – procurador-geral da Inglaterra e País de Gales
- Victoria Atkins – ministra júnior do Ministério do Interior
- Stuart Andrew – ministro júnior da Habitação
- Jo Churchill – ministra júnior do Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais
- Theo Clarke – enviado comercial ao Quênia
- Andrew Murrison – enviado comercial para Marrocos
- Laura Trott – Secretária Parlamentar Particular (PPS) do Departamento de Transportes
- Selaine Saxby – PPS para Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais
- Claire Coutinho – PPS para o Tesouro
- David Johnston – PPS para o Departamento de Educação
- Saqib Bhatti – PPS para Secretário de Estado da Saúde e Assistência Social
- Jonathan Gullis – PPS para Secretário de Estado da Irlanda do Norte
- Nicola Richards – PPS do Departamento de Transportes e MP
- Virginia Crosbie – PPS para o Gabinete do País de Gales
- Felicity Buchan – PPS no Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial